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Surf é Arte

Surf é Arte! E dentro deste contexto algumas pessoas conseguem transmitir essa vibe para fora da água usando a arte como expressão e forma de vida. Seja na pintura de pranchas, quadros, criação de painéis e confecção de objetos. Nessa coluna no site da Rádio Ubatuba Surf, abrimos espaço para estes surfistas artistas que moram no paraíso verde.   

Fotos: Intagram pessoal @tianomendess

Tiano Mendes é caiçara, vive da arte, ama Ubatuba e através de seu trabalho se empenha em deixar nossa cidade mais agradável para se viver. O surf e o skate estão presentes no seu dia a dia, em harmonia com os trabalhos artísticos que vão se multiplicando com o passar do tempo.

Fifty From, manbora surf skate em Itamambuca

RÁDIO UBATUBA SURF: Como foram seus primeiros envolvimentos com o Surf?

TIANO MENDES: Falando sobre os primórdios do Surf, bom, como qualquer criança o sonho era surfar né, nem digo surfar a nível mais elevado mas brincar mesmo, ali na água. Então deixa eu colocar assim ‘geração isopor’ (risos), que era do tempo das pranchas de isopor que eram vendidas nos mercados e dos primeiros bodyboards, os morey boogie... Os amigos tinham umas pranchas de isopor na época e nós começamos a surfar no Perequê-açu. Para mim ali foi o começo de tudo, acredito que a maioria dos surfistas de Ubatuba, o início foi por ali. Então eu ia com prancha de isopor, as vezes até com tampas de caixa de isopor, até mesmo como a história do Ítalo Ferreira né, a mesma coisa, acredito que em todo o litoral brasileiro teve essa ‘geração isopor’! Me lembro ter uns 10, 11 anos quando tudo começou.

RÁDIO UBATUBA SURF: Qual sua onda preferida aqui em Ubatuba?

TIANO MENDES: Quando a gente é moleque a gente pega vários mares, tem medo de alguns mares também (risos) quando estamos aprendendo. Mas uma das ondas que eu mais gosto aqui em Ubatuba é a Vermelha do Centro, a VDC, vamos abreviar como os modernos chamam, VDN, VDC! É uma das praias favoritas para eu surfar, ali tive bons momentos de surf, de competição, enfim.

Bateria cascuda no Ubatuba Pro Surf 2021: Tiano entre os amigos Tadeu Pereira e Izaías Zázá Silva

RÁDIO UBATUBA SURF: Falando agora de arte, em que momento você percebeu que a arte era mais que um hobby na sua vida, que ela seria sua profissão realmente?

TIANO MENDES: Na questão de minha vocação pela arte, eu acho que a arte é como um esporte, a música, a escrita, falando a nível de profissão; quando se é criança a sensibilidade aflora para alguma atividade e no meu caso foi a pintura. Como a gente é ligado na natureza, praia, mar, matas, pássaros, tudo isso me influenciou para o lado da pintura. Como tinha comentado, eu pegava onda desde moleque, mas na minha cabeça eu queria ser desenhista, trabalhar com desenho. E posso dizer que tinha a influência de meu pai também, que fazia letreiros, pinturas de parque de diversões quando eu era pequeno, pinturas de casas, murais. Então eu já tinha isso ‘em casa’, digamos assim. Mas a escolha foi minha, por seguir esse caminho, onde eu comecei a desenvolver a arte desde a infância, adolescência e dei seguimento na história. As pessoas comentavam, falavam: "Ah, você é artista". As pessoas me viam como artista mas eu nem imaginava, no passado, que eu ia trabalhar com a arte. E hoje eu vejo que a arte é minha profissão e não hobby. Geralmente as pessoas se dedicam à arte como hobby, lazer, passatempo, mas no meu caso, não, foi opção de vida mesmo.

RÁDIO UBATUBA SURF: Na questão de sua relação com a cidade, a estátua que temos no trevo da rodovia é uma homenagem aos caiçaras e foi baseada na figura de seu avô. Fale um pouco a respeito da história de sua família com Ubatuba;

TIANO MENDES: Em relação a minha família, é caiçara tradicional aqui de Ubatuba. Na questão da estátua, é uma referência a meu avô, mas o que posso falar dele são relatos pois não cheguei a conviver com ele. Com minha avó sim, consegui pescar com ela, aquele lance de pesca artesanal para sobrevivência mesmo, como caiçara local. Mas meu avô tem uma história boa porque ele foi um pescador lendário de Ubatuba, o famoso pescador de robalos da boca da barra, ali na entrada dos barcos de pesca do mercado de peixe. Acredito que ele tinha um carisma muito grande, não só para vender o peixe para tirar seu próprio sustento, mas ao mesmo tempo ele contava as histórias e lendas de Ubatuba para as pessoas. Ele deixou um legado para a cidade e eu achei muito interessante, uma coisa boa alguém ter pensado nele e ter feito essa homenagem. Esse legado da cultura, da tradição sendo passada adiante é o que importa para nós artistas da região. A estátua é uma homenagem a todos os caiçaras, não só a ele, pois sabemos que existiam tantos e tantos avôs e avós aqui que eram tão importantes como ele na questão da tradição caiçara. Mas como ele foi uma das figuras mais marcantes da época, acabou recebendo essa homenagem e foi legal para a gente, valorizou nossa cultura e nossa família.

Tiano e seu pai Waldir Daguas executando a pintura no remo da estátua do trevo. Uma bela homenagem em família!

RÁDIO UBATUBA SURF: E nesse contexto, você juntamente com seu pai, receberam o convite para pintar o remo de seu avô lá no trevo e na sequencia desenvolver os murais das novas instalações da feirinha de Ubatuba. Como surgiram esses convites?

TIANO MENDES: A pintura do remo da estátua do meu avô foi um convite da FUNDART, Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba, feita através de seu presidente, Gady Gonzalez, para meu pai e para mim. Tem a ver com a história da nossa família e foi uma honra fazer essa pintura. A ideia era pintar só o remo realmente, uma ferramenta do pescador. Muitas pessoas comentaram: “Por que não pintaram a estátua inteira?” Eu até gostaria de pintar, na cor de concreto, mas a proposta foi essa aí, foi bem sucedida, conseguimos entregar dentro do cronograma que foi colocado (em comemoração aos 384 anos de Ubatuba). É muita honra saber que estamos por aqui valorizando cada vez mais a cultura caiçara através da arte. Acredito que esses convites estão surgindo porque tenho feito alguns trabalhos voluntários pela cidade, como pinturas em pontos de ônibus, a estátua de São Pedro no Morro da Prainha. Essas ações são de doação para a cidade, vou lá e pinto e divulgo meu trabalho. Considero uma troca, uma satisfação minha de chegar lá, fazer o serviço, poder doar o que sei fazer de melhor sem ofender ninguém, afrontar ninguém, só meramente fazer as benfeitorias que eu acredito dentro de cada conteúdo que eu vou aplicar a arte. É um trabalho que não fala de política, de futebol, de religião, e sim apenas a mensagem através da arte. Em contrapartida, surgiu o convite para fazer a pintura dos murais na nova feirinha de Ubatuba. Foi um chamado do Grupo Nectar Caiçara, que convidou a mim, meu pai WALDIR DAGUAS, as meninas KAAYSÁ CRIATIVA, JEFERSON GUEDES, ATELIER DOS FLAUTAS e NANDA RAMONA. Foi um sucesso ter feito esse trabalho na feirinha, ouvimos algumas críticas quanto à estrutura e objetivo da feira, mas posso afirmar que temos ali pessoas trabalhadoras, não podemos generalizar tudo e dizer que ali pode vender isso ou aquilo, e artesanato ou não, acho que não cabe mais a gente ficar falando isso. Vou mais na linha de abraçar a causa. Foi isso que fizemos, fomos lá e abraçamos a causa, pintamos com amor, com carinho, o resultado foi um serviço bem feito para que aquele espaço ficasse com uma cara mais harmoniosa. As pessoas se sentem melhor recebidas por aquele povo que trabalha ali e temos que ter todo o respeito por eles, são famílias de Ubatuba, pessoas que nasceram ou vieram morar aqui. Acredito que não devemos passar por cima de ninguém, temos sempre que respeitar o próximo, essa também é uma mensagem, mais respeito ao próximo, vejo no dia a dia que falta muito isso nas pessoas, respeito e educação. E é isso, estamos em trâmites de fazer mais serviços pela cidade na parte da arte.

RÁDIO UBATUBA SURF: Muito obrigado Tiano Mendes por suas palavras e suas ações para deixar nossa Ubatuba ainda mais agradável! Fica o espaço para suas considerações finais:

 TIANO MENDES: A mensagem que quero passar para os ouvintes da rádio é que acreditem nos seus sonhos! Assim como qualquer atleta, artista fala né, e é verdade, acreditar naquilo que você tem em mente de início e dar seguimento. Porque a vida é longa mas ao mesmo tempo é curta, e é até engraçado falar assim! Porque a gente nunca sabe até onde vai, até onde poderemos chegar. Então é fazer o que se gosta com vontade, carinho e amor que as coisas fluem. A sintonia com as coisas que você vai fazer vai fluir melhor. Na questão do meu trabalho eu sempre acreditei, mesmo trabalhando bastante, também tenho minhas dificuldades mas eu acredito assim mesmo, é vencer no dia a dia, é o dia a dia que vai mostrar onde poderemos chegar. Essa é a minha mensagem aberta a todos, os caminhos estão abertos para todo mundo, basta acreditar! Agradeço pelo contato da rádio e sua valorização pelo meu trabalho, e é isso, estamos juntos aqui em Ubatuba! Somos todos caiçaras, incrustrados nessa praia, nessa arte, nessa vida de Ubatuba (risos), um forte abraço a todos que vivem nessa terra e bom trabalho!!!!

 

 O alerta de Tiano contra a especulação imobiliária. Vale uma reflexão.

 

Outros talentos artísticos incríveis de Ubatuba

 

  Conheça um pouco da história e do belíssimo trabalho de Hélio Benetti, o HB ArtSurf. Hélio reside em Ubatuba desde 2015, porém sempre frequentou o paraíso verde atrás das boas ondas da cidade. Como sempre vinha para cá, numa dessas voltas que a vida nos proporciona, resolveu estabelecer moradia aqui e desenvolver seu trabalho artesanal. Começou a surfar há cerca de 20 anos atrás, quando um amigo o presenteou com uma 6’8”, e desde então não parou mais.

Hélio e um de seus quadros fantásticos (Fotos: arquivo pessoal)

Rádio Ubatuba Surf: Alô Hélio Benetti, satisfação em receber você em nosso site, parabéns pelo seu belo trabalho. Conte um pouco como você desenvolveu a ideia de criar esses objetos de arte do surf.

Hélio Benetti ArtSurf: Alô Alexey, amigos da Rádio Ubatuba Surf, agradeço a oportunidade! Então, eu uso uma técnica chamada marchetaria, que basicamente é uma técnica de colar madeiras, certo?! Nisso, se escolhe diferentes tipos de madeira, Maracatiára, Garapeira, Pinus (que não é uma madeira tão desejada mas nas pranchas ela faz a diferença para dar o contraste das cores, e isso proporciona um destaque maior nas peças). O processo para esculpir as pranchinhas de madeira é parecido com a forma que os shapers usam para fazer as pranchas de Surf. Quando se compra um bloco retangular, sem estar usinado e tal, é exatamente aquilo. Com meu ‘bloco’ de madeira preparado, utilizo a plaina, esmerilhadeira e vou desbastando o bloco em cima e embaixo, vou acertando a curva do rocker. Depois disso desenho o outline da prancha sobre o bloco, vou trabalhando até chegar na linha e virar a borda, enfim, é muito semelhante ao processo das pranchas convencionais.  Mas, o que dá mais trabalho é a confecção das quilhas! Pelo tamanho, pelas máquinas utilizadas sempre muito perto das mãos, é um risco. Mas mesmo assim tento fazer o mais real possível, inclusive com foil, certinho, colocar as quilhas na posição certa das pranchas, fica bem legal!

Rádio Ubatuba Surf: Cara, já vi seu trabalho, é sensacional, uma pranchinha minúscula e muito bem feita! Impossível para mim, fazer algo parecido (risos), melhor ficar aqui na rádio mesmo.  Conferi seus trabalhos expostos no Venice Bar e Grill. Como e onde as pessoas podem conhecer seu trabalho?

HB ArtSurf: Então, meu principal ponto de venda aqui em Ubatuba é no Venice Bar e Grill. Aliás o Venice hoje em dia está se tornando uma fortaleza do Surf e do Skate em Ubatuba. Nosso amigo Eduardo, que fundou o Venice na capital na década de 90, veio para cá e abriu esse bar que tem o espirito Surf. E ele conseguiu reunir naquele pico pessoas que trabalham por prazer com o Surf e o Skate. Na loja anexa ao Venice, trabalham eu com meus produtos e time do Favela brothers, que tem a confecção própria deles, a FVL, voltada para o skate surf, inclusive os caras eram profissionais do skate, enfim. Além disso o Eduardo está ampliando o espaço com muitas novidades, incluindo uma sala de shape dentro do bar com um trabalho muito legal de um shaper especializado, o Faísca da Choppy Surfboards. Na hora que o cliente chega ali, o Faísca já inicia o trabalho de medidas no computador, é um trabalho de alta qualidade. Sem palavras para falar do Venice, um bar agradável, uma energia muito boa, excelente comida, vale muito a pena conferir! Quanto aos meus trabalhos é possível também me localizar pelo instagram e facebook pelo @hb.artsurf .

Rádio Ubatuba Surf: Nos seus quadros você utiliza um produto muito interessante de fundo, que dá a impressão de estarmos vendo o mar. Como é esse processo?

HB.ArtSurf: Nos quadros, para dar vida nos objetos, recentemente passei a usar resina epóxi aliada a algumas técnicas pessoais de processo. O resultado dessa mistura de elementos, madeira, resina, deu um Up muito grande no meu trabalho. Me proporcionou uma capacidade gigantesca de ampliar minhas criações, podendo desenvolver inúmeras peças relacionadas ao Surf. Foi uma descoberta e adaptação muito importante na minha arte.

Mais um cliente satisfeito fazendo sua retirada no Venice Bar e Grill.

Rádio Ubatuba Surf: Qual é a sensação de poder viver da arte ligada ao Surf através de seus quadros e peças?

 HB.Artsurf: Cara, o que me dá mais prazer nesse trabalho e quando estou em contato com os clientes, principalmente os surfistas, é ver a felicidade deles ao se deparar com um produto diferente, que não imaginavam que podia existir. Tem gente que pega a pranchinha, coloca próximo ao olho para poder observar os detalhes e começam a comentar: “-pô cara, a prancha é igualzinha!”. Muito legal, isso. Às vezes faço um detalhe diferente nas pranchas e as pessoas se ligam em mínimos detalhes, é muito gratificante. Na época do mundial em Saquarema, ou alguns eventos no RJ, quando levo meus produtos, observo a alegria dessa galera que fica contente de verdade em poder ver e adquirir uma arte que sempre vai trazer a lembrança do mar e do Surf. Fico muito contente com isso, me dá muito prazer! Obrigado, aloha!!!

 

Jeferson Guedes, o Jefinho, da God Bless Art é nascido em Ubatuba, filho de caiçaras (inclusive uma de suas avós nasceu na Ilha do Porcos), vem de família de pescadores, fato que sempre o fez estar muito próximo e conectado com a natureza. Começou a surfar aos 14 anos, logo se envolveu com reparo de pranchas, e para dar uma maior qualidade ao serviço dos consertos surgiu a necessidade de realizar algumas pinturas para cobrir os remendos; daí por diante as coisas foram caminhando...

RADIO UBATUBA SURF: Como foi seu envolvimento com a arte no Surf durante a adolescência? Em qual momento você percebeu que poderia viver desse trabalho?

JEFERSON GUEDES: A minha história com arte na adolescência foi muito louca, porque nessa época eu não desenhava né, eu nunca gostei na real, não havia me identificado com lance de desenhos na escola. Aí, como eu consertava pranchas para poder pagar as inscrições dos campeonatos, eu comecei a ter que retocar esses remendos, para ser um extra, uma merreca a mais que entrava. E nisso de começar a fazer os retoques, comecei a pintar as pranchas de uma cor só com um degradeezinho, colocar fita crepe, lembro que eu seguia umas técnicas que Rodolfo me passava e tal. Comecei a ver que dava para eu ter uma merreca a mais além do conserto, sabe, eu pintava as pranchas da galera que competia junto comigo e eles me ajudavam a pagar inscrição, hospedagem e rango, e assim foi acontecendo. Até que numa certa vez, fui competir numa etapa do WQS em Itamambuca e eu perdi, gastei todo o dinheiro que eu tinha na inscrição e não recuperei. Nesse evento eu tive a oportunidade de trombar o Flávio Nakagima, ele tinha pedido para eu pintar a prancha dele na praia para ele competir, e na hora que eu entrei  num dos stands do evento para poder pintar a prancha dele, apareceram várias mídias de tv como SporTV, ESPN, acompanhando meu trabalho. E ali virou a minha chave! Pensei: “Caraca brother, é isso que vou querer para mim. Vou querer ganhar dinheiro pintando pranchas em campeonato de Surf”. Depois disso não parei mais, a evolução começou a vir daí, o lance de arte e desenho. Antes eu só fazia pinturas, tem essa diferença aí entre pinturas e desenhos.

(foto: @gferreiraphoto)

RÁDIO UBATUBA SURF: Quando você começou a surfar? Já disputou muitos campeonatos ou prefere o Free Surf?

JEFERSON: Então, eu comecei a surfar com 14 anos no verão de 1998. Antes disso eu jogava futebol, tomei uma pancada no joelho e minha mãe me levou no médico que era amigo dela. Ela já não queria que eu jogasse futebol mesmo (risos), aí combinou com o médico para me dar um gelo e o cara falou que eu iria ficar na a cadeira de rodas, entendeu... Peguei trauma do futebol, não queria mais relar na bola de jeito nenhum, e o cara falou que eu tinha que praticar um esporte dentro d’água. Só que minha mãe achou que seria natação né, mas ela sabia eu não iria usar sunga nunca (risos). Então a molecada da rua de casa apareceu com uma prancha aqui, lembro que minha avó vendia geladinho na época, e aí eu troquei minha primeira prancha por 15 geladinhos da minha avó (risos). O Surf me viciou, comecei a surfar  e competir com 16 quase 17 anos, já fazendo parte do time de Ubatuba no circuito paulista amador. Depois disso não parei mais, viciei nesse lance de competir, sempre fui muito competidor mesmo. Hoje a história já é outra, tenho minha família, não dá mais para ficar treinando para querer competir mas quando tem evento eu ainda participo para encher o saco dos novinhos (risos).

RÁDIO UBATUBA SURF: Fale um pouco sobre seu estilo artístico, quais são as técnicas e materiais que você utiliza?

JEFERSON: Meu estilo artístico acaba abrangendo um pouco do meu cotidiano, na verdade. Eu sempre tento colocar isso nas artes, que é o lance da minha ligação com a natureza, é relatar sempre o que eu vivo que é o Surf. O lance de ter essa explosão de cores nas minhas artes, sempre vai ter muita onda, muito sol, muito céu azul, muita natureza envolvida, creio que essa é minha identidade artística. Além dos trabalhos de curva, que são abstratos, que eu sempre coloco onda neles. Sobre os materiais costumo usar muito marcador a base de água e trabalho bastante com sprays também, essas são as técnicas que tenho mais usado. Tem também tinta acrílica para trabalhar com pincel e air brush que às vezes uso para fazer algum tipo de sombra, enfim, acabo tendo um mix bem grande de técnicas para elaborar uma arte.

(Desenho feito num evento na Filipe Toledo Store)

RÁDIO UBATUBA SURF: Qual é sua inspiração para desenvolver os trabalhos?

JEFERSON: A inspiração vem de todos os dias que acordo e vou a praia, tudo aquilo já me motiva: chegar na praia e ver o sol nascendo lindo, ver um mar perfeito quebrando, tudo isso é inspiração. Procuro colocar isso na minha arte, sabe, por isso que ela é uma arte leve, nunca vai ter um tom pesado, obscuro. Minha vida acaba sendo leve, tento ver o lado bom de tudo e acabo não colocando nada dark nas minhas artes, não.

RÁDIO UBATUBA SURF: Quais são as pessoas que são referência na sua arte?

 JEFERSON: De influência tenho um gringo californiano chamado Drew Bruffy, um cara que eleva o nível demais, isso falando de artes em pranchas de Surf. Tem também o Macarrão que é um cara super amigo, admiro muito o trabalho dele. Posso citar o Flávio Maver, que até mora em Ubatuba hoje, para mim é o mestre, o artista pintor de pranchas mais completo do mundo. Conheço trabalhos de muita gente mas na minha opinião, tipo, é o cara que puxa a fila, tenho ele como mestre para mim, admiro muito. Flávio Maver é outra história, tá ligado (@maver_inks). Hoje em dia como estou pintando bastante mural, tem um grafiteiro que eu observo muito o que ele está fazendo, acho impressionante, fico olhando para eu tentar pegar o que ele faz e tentar colocar no meu estilo de trabalho, sabe, não que eu copio o cara, mas ele me influencia muito. O nome dele é Rafael (@higraft). O trabalho dele é impar, além disso não é só o trabalho dele como artista mas como pessoa também, me deu muita atenção a perguntas que eu fiz, talvez outros artistas não me responderiam, ele tem todo meu respeito e admiração.

RÁDIO UBATUBA SURF: Qual sua onda preferida em Ubatuba?

JEFERSON: Ahhh, essa daí ficou fácil! (risos). A minha onda preferida em Ubatuba sem dúvida nenhuma é o canto esquerdo da Praia Grande, que o canto do Baguari. Ali é minha casa há 23 anos já né, ali é o lugar que se eu estiver bem com a vida eu estou lá, se eu estiver na bad estou lá, acho que ali é meu divã, lugar que eu gosto de estar. Conheço todo mundo, é um lugar que me cura de tudo e que me instiga a ficar por ali. Há outros lugares também mas o canto do Baguari é especial.

(foto: @kalani.photo)

RÁDIO UBATUBA SURF: Deixe sua mensagem para a comunidade do Surf de Ubatuba.

JEFERSON: Ah, acho que o primordial o respeito né. Respeito para ser respeitado. Canto do Baguari está aberto para a geral mas tem que saber chegar né. Se respeitar vai pegar onda igual todo mundo, não tem erro, mas se não chegar no sapato a água vai cobrar! Mas é isso aí, creio esse é meu recado, manter o respeito e não jogar lixo na praia por que ali é nossa segunda casa. Obrigado pela oportunidade, um prazer trocar ideia com vocês  e contar um pouco da minha vida nessa vibe. God Bless!!